segunda-feira, agosto 07, 2006

Entre o Profano e o Sagrado (parte 1)


“Caminho nos meandros da Luz, o local mais sagrado de Atlântida. Aquele que divide os dois reinos existentes, os Margrietus dos Rinkinens.
Como deveis calcular a cobiça pelo poder de uma terra onde coabitam dois povos pode ser fatal para o futuro deste mundo.
Como Sumo-Sacerdote o meu dever é pacificar os ânimos, sensibilizar as duas facções da nobreza em particular e do povo em geral.
Represento o Povo do Cristal, o meu nome é Mar-Hir. Garanto-vos que sou velho o suficiente para tropeçar na minha barba e desequilibrar-me. Essa foi uma visão que já tive outrora e que se concretizou uma semana depois. Chamam-me de Profeta por possuir uma natural clarividência. Tão natural como a minha barba. Tinha um dom de adivinhar pensamentos, segredos e até acontecimentos vindouros.
Mas nem sempre o futuro era tão claro como água. Nem sempre conseguia discerni-lo correctamente. E naquela altura o futuro parecia estar comprometido com a Escuridão. O negrume cercava as minhas visões. A incerteza assolava o meu espírito.
Durante um certo período mantive-me em cativeiro no Templo da Luz numa profunda meditação. Estava convicto de que os soberanos de cada reino poderiam aproveitar a minha ausência para difundirem as suas movimentações conspiratórias. A guerra já tinha começado muito antes de eles se terem dado conta.
Rezava aos Deuses pedindo-lhes que me mostrassem um sinal de esperança para a desgraça que se avizinhava.
Uma mãe gritava horrorosamente, dando à luz algures, durante a luz diminuta do Grande Cristal. Por mais esforços que tivessem feito para evitar tal heresia, o bebé iria nascer precisamente nessa altura. Seria a primeira vez que tal aconteceria. Indubitavelmente esse bebé e seus pais seriam condenados pela sociedade.
As visões mostravam-me o contrário. Era uma menina abençoada, uma plebeia, filha de plebeus. E para o bem ou para o mal, o futuro de Atlântida estaria nas suas mãos.
O seu nome fora protegido por uma alcunha: O Cisne Negro, ideia do seu pai. Encarreguei-me de tutelar a criança que antes de nascer já teria um fardo demasiado pesado para carregar. O seu nascimento fora seguido segundo o protocolo real, um pedido que direccionei aos dois reinos numa assembleia extraordinária.
Foi perante a estátua do Grande Deus Poseidon que me responsabilizei pelo nascimento desta criança, ao invés de decidir pelo seu aborto. Certa ou errada, foi essa a escolha que fiz. Quis prepará-la logo desde o seu primeiro dia de vida.
Numa era onde a discórdia era facilmente atiçada apenas pela força do pensamento, previa que os olhares traiçoeiros dos Reis iriam disputar tal criança. Almejariam transformá-la numa escrava do mal e assim subjugar um povo ao outro.
A guerra já se tinha instalado. Apenas permanecia silenciosa”.

12 comentários:

Sara Martins disse...

Olá...

Obrigado pela visita ao cantinho onde me mostro sem me mostrar...

Pensei apenas retribuir, até porque a curiosidade a isso me obrigou, e já fui ficando presa à história de um ''Black Swan'', ainda tão puro e inocente...

Desejo-te muita inspiração, e prometo voltar ao teu Lost-Keys!!
Fiquei rendida...

(**,)

Angel

O Lápis disse...

Gostei muito!

Foi uma surpresa!

Todas as guerras começam silenciosamente...e n´so só damos conta...sempre tarde demais.

Um beijinho

Anónimo disse...

Ola Luigi.

Gostei do que li,
Parece que apareceu na altura certa,
Altura em que acabei deler um livro chamado:
A Magia de Atlantida...

Algumas coisas interessantes ficaram a remoer o espirito,
Talvez surjam nos próximos dias em algum tipo de texto.

Parece que tudo está-se a repetir,
faz parte do ciclo,
Não é? :)

Fica bem,
Almaare Na

Luigi disse...

Sim, é tudo parte do mesmo. Esta é uma história pararela àquela que escrevi há uns anos: "A Lenda de Dolphinya", ocorrida também em Atlântida.
:)Agradeço os comentários

Sara Martins disse...

Olá!!

Sabes, encontrei Luis Royo por cá à uns tempos, e apaixonei-me pelos desenhos... São realmente magníficos, não são??

E acerca de Within... Este ano não tive a sorte de os ver actuar, mas agradeço muito à minha querida Luna, que me fez ouvir ''Angels'', e me deixou fora de órbita...

Sometimes it's hard to hear the whispers of your heart, when everything around tells you otherwise...
It's hard not knowing what to do with yourself, when you feel so lost like i am now...

Beijinho, fica bem...

Angel

Cherry Blossom Girl disse...

Obrigada pela visita no meu cantinho.
Tb adorei o teu cantinho.
Voltarei:)

Beijinhos
***

vania ♥ disse...

Olá!
Adorei este texto, que magia... :)
a tua escrita é fantastica...
ate ah proxima amigo,

beijinhos de cristal

FMS disse...

Keep it up. Ainda havemos de escrever e ilustrar qq coisa a meias. O meu segundo livro vem na calha!

Ariadne disse...

Mal posso esperar pela Parte II...

Namasté

Rosmaninho disse...

Muito bem escreve quem me disse ser algarvio quando passou pelos meus lugares!

A História repete-se inúmeras vezes e geralmente repete o que de pior contém...

~*Um beijo*~

vero disse...

Olá Luigi,
venho agradecer e retribuir a visita... Muito obrigada!!!
És sempre bem vindo!
Beijos mil***

inBluesY disse...

[em silêncio vou ler]