domingo, dezembro 23, 2007

23

Ho Ho Ho!!!
Aproveito a época natalícia para fazer mais um ponto de situação, este mais revelador que os anteriores. Segue-se o índice da história do Cisne Negro. A negrito estão os capítulos que faltam escrever.

Preludium
Obscurus Cycnus
Inter Profanus et Sacratus


Capítulo I O Dia chegou (aos 8 meses)
Capítulo II A Dor da Despedida Prematura
Capítulo III Viginti Tres (aos 2 anos)
Capítulo IV Delirium
Capítulo V As Raízes da Promessa (aos 5 anos)
Capítulo VI Os Seis Desaparecidos
Capítulo VII Inadiável Encontro
Capítulo VIII Cabassus Embarassus
Capítulo IX A Princesa de Margrietus
Capítulo X Nascimento
Capítulo XI Lacrimarum (aos 8 anos)
Capítulo XII Pirâmide de Cartas
Capítulo XIII O Amante da Natureza (aos 9 anos)
Capítulo XIV A Máscara (aos 12 anos)
Capítulo XV Albus Cycnus
Capítulo XVI Ad Extremum (aos 13 anos)
Capítulo XVII A Fuga (aos 15 anos)

Capítulo XVIII A Priori
Capítulo XIX Aquarium (aos 16 anos)
Capítulo XX A Posteriori
Capítulo XXI Incommodus Distantia(aos 17 anos)
Capítulo XXII Intimus Dualitas
Capítulo XXIII O Guerreiro Invencível


Neste momento estou a escrever o capítulo 23 que envolve a morte de uma personagem. Por falar em personagens, aqui vai a lista das 23 personagens:

As Personagens

Rinkinen (Reino do Norte de Atlântida)
Cisne Negro, Caliel, Marjah, Har-Meand, Barvaatus, Rinna, Equam, Emppu, Thrishia

Margrietus (Reino do Sul de Atlântida)
Mirthis, Tireu, Litharn, Heidei, Nurmi, Rhanos

Povo do Cristal:
Mar-Hir, Lazarus, Asrae, Adelius, Cassius

Sereias
Candraara, Viderya, Dahlia

O presente de Natal vai para quem acertar no nome da personagem que desaparece no último capítulo. So who will be killed?

30 Seconds to Mars – The Kill



Merry Christmas to all and best wishes for 2008
Peace out


Only to the Black Swan: não contava ver-te de novo por isso deves imaginar a asfixia do meu coração quando me apareceste à frente aos pulinhos. Voltei a acreditar no Pai Natal. Anda de mota e atira rebuçados a pulguinhas como tu. Tenho que agradecer ao barbudo pelo presente.
Só te posso desejar o melhor…

quinta-feira, novembro 15, 2007

Albus Cycnus

Dois videos que me inspiraram para a criação de um baile de máscara no capitulo que ando a escrever: Albus Cycnus (Cisne Branco).
until 23 December...



sábado, outubro 20, 2007

A black swan...



... came here just to tell you to wait until 23rd December for more news...

quarta-feira, junho 27, 2007

Ponto de Situação

Regresso após meses de ausênci que Caliel é a personagem maia. A minha passagem é breve. Vou apenas fazer o ponto de situação referente à história do Cisne Negro. Foi quase há um ano que embarquei nesta aventura inspirado por sensações positivas e encorajadoras. Muito aconteceu entretanto. Difícil dizer onde me encontro agora. A meio da história e não sei se conseguirei terminá-la. Tem sido complicado controlar a ansiedade. E existem muitas ideias para um segundo volume chamado O Cisne Branco.
Vou deixar excertos do capítulo À Priori, capítulo nº 18 dos 23 previstos. São apenas rascunhos que tenho escrito no trabalho durante as horas de almoço e jantar. As personagens centrais deste capítulo são Caliel e Rhanos. O Cisne Negro, que não aparece, já tem 16 anos, Caliel 17 e Rhanos 18.
E, para terminar, digo sem qualquer hesitaçãos cativante de todas as que criei nesta e noutras histórias que escrevi. Um dia se alguma vez o livro for editado irão perceber porque digo isto.
E agora existe uma motivação extra para continuar nesta aventura. E um novo dilema. Este post é dedicado a alguém que me devolveu o sorriso.




"O tempo parecia não ter passado para Caliel. Mantinha intacta a sua aparência angelical de criança fragilmente tímida embora já contasse com dezassete anos.
Igualmente incólume permanecia o seu comportamento intimista para com a natureza. Continuava a subir árvores e a empoleirar-se nos seus ramos como sempre fizera. E não deixara de falar com as árvores, plantas e animais no seu jeito extraordinariamente passional.
E que melhor gesto afectivo poderia demonstrar para um cavalo selvagem que encontrava numa clareira de uma mata, senão correr a seu lado sem ter o desejo de o montar? Apenas quis acalmá-lo pois o cavalo de pelagem pardo-avermelhada e com uma faixa escura ao longo do dorso estava mais exaltado do que qualquer outro corcel que o Rinkinen tivesse observado anteriormente. Caliel teve que colocar-se à sua frente sem recear ser atropelado pela histeria aflitiva que se apoderava a alma do animal, até então indomável.
- Shh. Está tudo bem. Não tenhas medo.
Olhou na direcção de onde os seus trémulos cascos tinham surgido. Avistara no horizonte um local que por alguma razão desconhecida evitava aproximar-se. Um indistinto vento soprava rigidamente nas suas costas, adejando freneticamente os seus cabelos encaracolados.
O cavalo relinchou com medo de ser empurrado para o interior daquela floresta repleta de abetos gigantes. Caliel conseguia sentir o que o cavalo sentia. Não era a frondosa vegetação que o intimidava, era sim o tremendo rumor das folhas agitadas pelo vento. Era o vento terrífico que assustara o cavalo que nunca havia trilhado aquele território inóspito. O vento ali tinha uma voz tão audível que poderia ser escutado a quilómetros de distância.
- Encontrarás um apetitoso campo de feno se seguires para lá do despenhadeiro arborizado. Vai e não voltes aqui.
Noutra ocasião Caliel teria acompanhado o cavalo até ao local que indicara. Contudo, achava que estava na altura de ouvir aquele vento arrepiante de mais perto. Já o cavalo se tinha afastado a trote contra o vento quando o Rinkinen deu por si a penetrar na densa floresta revelando um estado de espírito absolutamente despreocupado. Não tinha nada que temer.
... Até culminar num divergente bosque repleto de lianas e fetos. Embrenhou-se atrevidamente sem ser necessário ser levado pelo incansável vento...
... Para além do vento, o sentido apurado de Caliel escutou um espezinhar e estalar de folhas e ramos denunciando a presença de animais. Achou que poderia identificá-los mesmo sem os avistar. Mais cavalos galopavam naquelas paragens pouco convidativas. Foi ao encontro do ruído e ao desviar a vegetação surpreendeu-se. O vento tinha trazido um grupo de seus compatriotas que corriam tão ou mais assustados que o cavalo que encontrara...
... Encontram Caliel paralisado como se fosse uma das árvores enraizadas.
- Viste alguém ou algum animal? Alguma coisa fora do vulgar?
- Não vi nada. Apenas oiço o vento falar.
- Então nenhum de nós está a delirar. Também ouvimos. – disse Rhanos.
...O solo estremece os ramos das árvores agitam-se violentamente.
- Estão a ouvir? Existe uma força a perturbar a natureza. – diz Caliel
A densa floresta remexia-se aparatosamente. Um fenómeno inexplicável tal como o vento que rugia ferozmente.
- É o vento que faz estes rugidos?
- São as árvores. – disse alguém aterrorizado
- Não é o vento que fala nem as árvores. São eles!
... Espadas são desembainhadas, lanças são erguidas quando os Filisteus se aproximam.
As folhas estalavam debaixo dos pés
- Não. Escondam-se rápido!
- Não vou esconder-me como um cobarde!
- Não sejas tolo Equam, não tens qualquer hipótese.
... Mais à frente encontram um grupo de mulheres jovens a banharem-se no rio. Algumas exibiam o seu corpo nu sem qualquer pudor. Sereias. Mas havia qualquer coisa que atraía os homens
Seriam ondinas? Ninfas de água? Não, eram sereias de olhos grandes brilhantes quase incandescentes.
eram mulheres que e movimentavam nas águas como serpentes tinham uma cauda, uma barbatana de escamas verdes como os peixes. Saiam das águas e a barbatana escamada dava lugar a duas pernas perfeitas. Não tinham qualquer vergonha nem se sentiam minimamente intimidadas por estarem a ser observadas. Aceitavam o seu corpo tal como era. A transformação não era nenhum segredo que quisessem manter debaixo de água.
... Chegava Candraara, a Rainha das Sereias, num barco conchiforme puxado por cavalos-marinhos.
... O dialecto melodioso das sereias hipnotizam os homens. Rhanos e Caliel são os únicos que não caem em tentação. Rhanos pede a Caliel para amarrá-lo já que não pode amarrar-se a si próprio.
Rhanos ficou tentado em aceitar a mão de uma das sereias. As bocas espumavam de desejo.
O rio de um azul metálico transforma-se num tom mais alaranjado. Tornou-se em ácido. Bolhas inflamáveis rebentavam
Rhanos provou os lábios de uma sereia. Sabiam-lhe a vinagre. Asqueroso. Sentiu-se como se tivesse traído o Cisne Negro e nada lhe pareceu tão ruim. Tornara-se numa vítima da tentação. Uma tentação que, era capaz de jurar a pés juntos, lhe fora impingida, ou seja, não partiu de si.
Uma sereia fora cativada pelo jeito caracteristicamente acanhado de Caliel.
- Olá. Chamo-me Viderya. Tenho muito gosto em conhecer-te. Vejo que vêm de longe. Devem estar cansado. Andem, podem relaxar na cabana das massagens ao mesmo tempo que saciam a fome... Não falas? Porque estás tão tenso? – a sereia soprou-lhe ao ouvido palavras venenosas que contrariavam o seu impulso em fugir daquele local de desenfreada libertinagem. O que o Cisne Negro iria pensar se soubesse?
... Candraara rainha entre as sereias, a mais alta com longuíssimos cabelos negros com madeixas roxas. Tinha uma aparência que se destacava das demais...
As sereias entregavam o seu corpo ao grupo de rinkinens e margrietus, não se importavam com a sua origem.
- Oh sois todos tão jovens
- E tão belos!
Rhanos deu um passo atrás e depois mais outro.
por seu lado, Caliel resistia facilmente aos encantos da mais bela das criaturas marinhas. E como as sereias detestavam ser desprezadas, tinham que aplicar todos os meios mais perversos
O que foi? Não gostas de mulheres? Tens aqui três à tua inteira disposição
- Não! Pára! Não posso! Se me beijares, irás beijar o chão ou aquela pedra ali
Olhou pelo canto do olho vendo os seus companheiros a serem facilmente levados pelos desejos de carne. Precisava resistir às investidas da sereia a todo o custo.
Por seu turno, Caliel continuava no mesmo local, nem recuava nem avançava.
- És um autêntico mistério, sabias? – dizia a sereia analisando a aura do Rinkinen
- Trazes contigo um grande perigo. Não te excita ser quem és?
- Quem sou? – retrucou numa voz atabalhoada
- Não sabes quem és? – questionou-se surpreendida. – Os teus pais não te disseram?
Caliel não iria cair na artimanha da sereia que tentava quebrar o seu espírito protegido contra feitiços daqueles. Para Caliel tudo o que a sereia queria era semear a dúvida para torná-lo mais vulnerável pois não poderia tê-lo doutro modo. Poderia falar o que quisesses que não iria ceder aos caprichos pecaminosos da rainha das sereias.
- Duvidas do que te digo. Pois bem, porque não perguntas aos teus pais, sem rodeios, perguntas-lhe quem realmente és.
- Anda posso contar-te tudo o que quiseres saber, sobre o teu povo e sobre como elas podem aparecer…!
A sereia abriu-lhe os braços. Caliel continuava sisudo, visivelmente confuso mas com uma única certeza. Não iria abraçar uma criatura da natureza capaz de instigar, confundir e manipular os homens a seu bel-prazer.
Olhou de soslaio para Rhanos que tentava subir uma árvore ao ver-se encurralado.
- Foge! Não te deixes levar pelas suas palavras venenosas! Foge! Não fiques aí especado!
A Sereia Candraara avançava para beijar Caliel.
- Mas e tu…?
- Não te preocupes comigo, salva-te!
Duas sereias que entretanto já se tinham livrado dos seus homens ladearam a rainha para capturar o indomável Caliel.

... Caliel foge mas é prontamente perseguido. Ao longo da margem do rio. Um assobio de Candraara chamou inesperadamente uma matilha de hienas ameaçadoras que o perseguiram já que as sereias não conseguiriam acompanhar a correria do Rinkinen.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Anúncio


Lamento informar-vos que deixarei de postar a continuação da história do Cisne Negro. É pelos melhores motivos. Tenciono empenhar-me a fundo para conseguir atingir tudo aquilo que idealizei para a criação de um mundo pormenorizado, Atlântida vista por Luigi.
Deixo-vos algumas ideias. Haverá expressões norueguesas e finlandesas que representam a linguagem dos dois reinos, Margrietus e Rinkinen, Haverão locais detalhados. Já comecei a tratar disso. Haverá um triângulo amoroso. Haverá uma espécie de relação lésbica. Possivelmente algumas cenas tórridas. Haverá uma personagem incorpórea chamada Ausência. Aparecerá um Cisne Branco. Haverá uma inevitável guerra entre os dois reinos. Amores e traições entre personagens dos dois reinos. Haverá muita confusão. Haverá um guerreiro imbatível, haverão fundamentalistas religiosos e outros descrentes, haverá magia, segredos por descobrir, haverá morte, aparecerão alguns seres mitológicos desde sereias, hidras, minotauros, filisteus, hipocampos, haverá muito mais.
Muitos aspectos estão esquematizados, incluindo o final que creio ser surpreendente. A motivação tem crescido bastante, quero exceder os meus limites. No entanto há que ter os pés bem assentes no chão. Não vai ser nada fácil mas quem corre por gosto não se cansa. Quero deixar de dormir só para escrever o que tenho em mente. Às vezes chego a pensar que mais vale viver em histórias assim do que na própria realidade.
Admiro todos aqueles que escrevem histórias, mesmo aqueles que escrevem para a gaveta. Que a inspiração e motivação não vos falte!
Estabeleci o prazo de Janeiro de 2008 para terminar este projecto ambicioso. Depois é registar a obra e enviar para tudo o que é editora. Entretanto deixo aqui expressas duas promessas que tenciono cumprir. Vou andar habitualmente vestido de preto até terminar a história e quando a concluir entregarei a cruz dos Nightwish, que podem ver na imagem, à pessoa a quem chamo Cisne Negro.
Em principio não vou ter acesso à net durante um tempo indeterminado. Se puder visito os vossos espaços. Agradeço a todos os que me visitam e peço a vossa compreensão. Bem hajam!

Only to the Black Swan: Seja como for, mesmo na ausência, serás as asas da minha imaginação. Seja como for continuarei a amar-te mesmo sabendo que nunca estaremos juntos nesta vida. Acreditas na reencarnação?
Sê forte, encara cada dia como um desafio aliciante. Não te deixes perturbar pelas intermitências da vida. Be brave my dear Black Swan, spread your wings and fly…


Aniversário


Hoje o meu sobrinho completa três anos de idade. A pessoa mais importante na minha vida. Todos os dias passados com ele são especiais. Hoje vamos passear, andar de comboio que tanto gosta e soprar as velas à noite. You are my angel... Happy Birthday!

terça-feira, janeiro 02, 2007

As Raízes da Promessa (parte 2)

(E a história continua... Vou postando menos mas estou cada vez mais empenhado em terminá-la. Novidades no argumento: O Cisne Negro vai ganhar uma irmã. Aceitam-se sugestões para nomes inventados a partir do nome Patrícia. Podem ler um diálogo de uma parte avançada da história no meu outro blog.)
Deixou-se ficar sozinha mais uma vez. Desta feita não podia culpar ninguém a não ser a si própria. Permaneceu estática olhando para si própria, imaginando como poderia ser filha de uma árvore. Segundo Asrae, Galieas Sirthion era a Mãe de todos os atlantes. Mas como tinha nascido dela? Onde estavam as suas raízes, os seus galhos, as suas folhas? Teriam sido retirados à nascença pela sua mãe Marjah? Então e os cisnes, eram eles que voavam até ao cimo do Monte Atlas e entregavam os bebés às mães atlantes como ouvira dizer?
- Muitas questões e ninguém para as responder. Oh não faz mal, daqui a uns meses saberei como nascem os bebés. – atirou um suspiro contra a brisa que movia casualmente os seus caracóis negros. - O avô por mais ocupado que esteja vai ter que me levar a Cabassus!
Apesar de nova, o Cisne tinha plena consciência de que Mar-Hir tentava estar em todo o lado ao mesmo tempo. Agia como se fosse um Semi-Deus, o braço esquerdo do Deus Poseidon, isto porque o direito é aquele que segura firmemente o Tridente da Justiça. Afinal de contas sempre tinha estudado alguma coisa acerca dos Deuses do Mar. Era impensável ignorá-los, no entanto o egocentrismo da Rinkinen era mais caprichoso que a adoração a tais invisíveis seres superiores. Não passavam de estátuas, não sentiam como ela sentia. Se o seu avô estivesse ali agora teria certamente lido os seus pensamentos e teria condenado tal heresia.
- Venho para aqui para ficar sozinha? Porque nunca me leva consigo nas suas viagens? Será que se vai lembrar do que me prometera? – resmungou na direcção de Galieas Sirthion.
Como poderia sequer duvidar da sua palavra quando o Pontífice sempre lhe fora honesto? Abanou a cabeça, farta daquele marasmo, farta de esperar.
Foi como uma pequena grande senhora bem comportada que decidiu levantar-se lançando uma vénia à Deusa-Mãe, lançando-lhe um agradecimento sem saber ao certo porque o fazia.
Quis fazer qualquer coisa de útil, o quê? – perguntou depois de se ter despedido dos seus cisnes que continuavam no pequeno lago distraídos coçando as suas penas. Houve apenas um que quis acompanhá-la.
- Não me sigas… Vai ter com os outros. – pediu a Rinkinen virando-lhes as costas dirigindo-se para o Templo.
Vindo do limite meridional da montanha, para lá do lago Inélun, o mais recente iniciado da Ordem Cristalina interceptara o Cisne Negro no átrio do Templo. Chamava-se Adelius, um curioso jovem das sardas e olhos negros.
- Estás sozinha hoje? - perguntou fitando-a num espanto subtil.
- Sim estou… - respondeu tentando disfarçar o seu incontestável constrangimento.
Nem havia motivo para tal, pois Adelius era dos poucos que não a olhavam como a estranha. Era o seu amigo mais próximo, apesar de ter o dobro da sua idade. Era também sobrinho da sua ama, logo costumava encontrá-lo muitas vezes.
- A tua tia disse que te esperava na Grande Biblioteca.
As duas crianças aproximaram-se da fachada principal formada por um grande pórtico com tímpano, vigiado por dois hirtos sentinelas que mais pareciam duas figuras de pedra.
- Disse? Mas ela sabe que tenho agora aulas de canto no Coro da Basílica Anjira. Queres vir comigo? Podes cantar connosco. – indagou num tom bem disposto.
- Ca-cantar, eu? – gaguejou. - Hoje não. Talvez noutro dia. – respondera assumindo uma expressão de aborrecimento.
A Rinkinen procurava desfazer-se do sentimento de abandono que a fragilizava. Tinha ficado agradada com a proposta do seu amigo mas naquele momento não estava com a voz suficientemente afinada, consequência do seu prolongado silêncio.
- Então porquê? Eu sei que cantas bem!
- Como sabes se nunca me ouviste cantar? – indagou de sobrolho franzido certificando-se que os sentinelas não estavam a ouvir a conversa.
- Pois não, mas se dizes que a tua mãe tem um canto maravilhoso, tu também deves ter. – elogiou o sobrinho de Asrae baseando-se numa avaliação hereditária.
Sem que Adelius pudesse prever, o Cisne Negro fugiu para o interior do Templo de cabeça baixa de modo a que os guardiães não reparassem nas suas lágrimas a rolarem-se-lhe pelo rosto.
- O que foi que disse de errado?
O Iniciado da Luz ficou estupidificado, não percebendo aquela sua reacção intempestiva. Não quis acreditar na conotação que lhe atribuíam nas suas costas. Era apenas uma criança, assim como ele. Tinha pensado segui-la todavia a meio do caminho mudou de ideias, exactamente quando observou-a a virar para o atelier, um espaço dedicado às ocupações das crianças.
O Cisne Negro teria recolhido à solidão do seu quarto que tanto a martirizava. Contudo preferiu antes estar só mas acompanhada, ou seja não comunicava com as outras crianças que se sentavam em enormes mesas coladas umas às outras. Algumas pintavam, outras escreviam, ou liam. Haviam outras que jogavam jogos didácticos como quebra-cabeças ou adivinhas num burburinho que por vezes incomodava a concentração dos restantes.
A filha de Cabassus ficou sentada numa ponta servindo-se da plasticina que Mar-Hir lhe tinha oferecido. Era um óptimo exercício para descontrair. Os seus dedos estavam a moldar figuras disformes misturando várias cores sem haver muita coerência. Não sabia ao certo o que estava a criar, nem estava com paciência suficiente para fazer algo mais elaborado.
- Já viste o que a Estranha está a fazer? – comentou uma rapariga para aquela que estava ao seu lado.
A Rinkinen reparou que estavam a troçar de si mas não quis dar muita importância. Foi precisamente após a risada das duas raparigas que observavam a sua falta de inspiração que se lembrara do que poderia fazer com a plasticina.
- É isso mesmo!- exclamou numa toada sonora sem notar que tinha chamado a atenção de quase todos os que estavam ali presentes.