quinta-feira, novembro 23, 2006

Wings for Marie/ 10 000 Days



Sei que tenho estado ausente dos vossos blogs mas queria partilhar-vos esta obra-prima da banda Tool. Uma música de 17 minutos e 25 segundos dividida em duas partes Wings for Marie e 10000 Days. Jamais os meus ouvidos irão escutar uma música tão linda como esta... e tão trágica...
Podia falar muito sobre esta melodia fúnebre mas não vou alongar-me muito mais, apreciem a letra, é de uma profundidade emocional indescritivel, sobre Judith Marie, mãe do vocalista que ficou paralisada numa cadeira de rodas cerca de 10 000 dias (27 anos e 4 meses).
Se quiserem procurá-la experimentem ouvi-la no escuro, com auscultadores, ou à janela vendo a chuva cair. Irão perceber a diferença. Estou a postá-la porque confesso que não páro de chorar não só pela música em si mas por outros motivos pessoais.

Wings for Marie (part 1)

You...
You believed...
You believed in moments none could see
You believed in me

A passionate spirit
Uncompromised
Boundless and open
A light in your eyes that
Could end all lies

Broken, broken
Fell at the hands of this moment so that I wouldn't see
It was you who prayed for me so
What have I done
To be a son to an angel?
What have I done
To be worthy?

Daylight dims leaving cold fluorescence
Difficult to see you in this light
Please forgive this selfish question, but
What am I to say to all these ghouls tonight?
She never told a lie,
... well might have told a lie,
But never lived one.

Didn't have a life
Didn't have a life
But surely saved one
So I'm alright
Now it's time for us to let you go.

10 000 days (wings pt. 2)

Listen to the tales and romanticize,
How we follow the path of the hero.
Boast about the day when the rivers overrun.
How we rise to the height of our halo.

Listen to the tales as we all rationalize
Our way into the arms of the saviour,
Fading all the trials and the tribulations,
None of us have actually been there,
Not like you.

Ignorant fibbers in the congregation,
Gather around spewing sympathy,
Spare me.
None of them can even hold a candle up to you.
Blinded by choices, hypocrites won't see

But, enough about the collective Judas.
Who could deny you were the one who
Illuminated
Your little piece of the divine?

This little light of mine, the gift you passed on to me;
I'll let it shine, to guide you safely on your way,
Your way home...

Oh, what are they going to do when the lights go down
Without you to guide them all to Zion?
What are they going to do when the rivers overrun
Other than tremble incessantly?

High is the way, but our eyes are upon the ground.
You are the light and the way, they'll only read about.
I only pray, Heaven knows when to lift you out.
Ten thousand days in the fire is long enough, you're going home.

You're the only one who can hold your head up high,
Shake your fists at the gates saying:
"I have come home now!
Fetch me the spirit, the son, and the father
Tell them their pillar of faith has ascended.
It's time now!
My time now!
Give me my, give me my wings!”

Give me my wings!

You are the light and way that they will only read about.

Set as I am in my ways and my arrogance,
Burden of proof tossed upon the believers.

You were my witness, my eyes, my evidence,
Judith Marie, unconditional one.

Daylight dims leaving cold fluorescence.
Difficult to see you in this light.
Please forgive this bold suggestion:
Should you see your Maker's face tonight,
Look Him in the eye, look Him in the eye, and tell Him:
I never lived a lie, never took a life, but surely saved one.
Hallelujah, it's time for you to bring me home.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Delirium (parte 3)


Asrae ficou arredada das descobertas de Mar-Hir pois este focou-se exclusivamente na sua capacidade de reaver as memórias do Cisne Negro, que já de si eram dissipantes. Certificou-se que a Rinkinen andou às voltas pelo Templo isto porque assimilou muitos pormenores que a rodeavam, tendo passado por vários corredores, salões e torreões. Quanto aos sentimentos, o seu ambiente interno era sepulcral. Não houve muita tranquilidade por onde passou. Sentiu-se completamente perdida. Ainda que, a certa altura, se tivesse deparado com a presença de um colectivo de pessoas que não conseguia distinguir, provavelmente porque não existiam, não estavam verdadeiramente ali.
Ao desvendar o plano esotérico do seu devaneio avistou a aproximação de uma mulher bastante atraente. O juízo pronto e concreto identificou ser o corpo e um rosto de uma ninfa. Tal figura divinal debilitava-lhe o carácter pois a pequena desejava ser tão esbelta quanto ela.
A luz negra que se espalhava num dormitório fumarento foi a última visão que obtivera. A falta de fluidez daquela digressão não lhe permitira ver mais além nem através da força da energia cristalina que se manifestava mediante parábolas.
- Ela está mais vulnerável de cabelo curto. - concluiu depois de ter rompido aquela projecção mental - De cabelos encaracolados é influenciada pela distracção, de cabelos curtos é influenciada pela ansiedade. – meditou numa interpretação genérica.
- As crianças são tão sensíveis… - analisou a Sacerdotisa.
- Se é uma questão de estabilidade então…
Usando a sua natural aptidão para realizar magias, o Ancião fez crescer os cabelos do Cisne Negro com um simples gesto da sua mão direita.
- É muito nova para sofrer tais delírios.
Era fundamental erradicar esse temor indesejável, essa insegurança perigosa mostrada pelo seu delírio transcendental que se reproduzira na realidade, na sua queda de vinte e três degraus. Fez reaparecer os seus fios de cabelo encaracolados para que não se tornasse obnóxia do sonambulismo.
- E quanto ao seu dente partido? – Asrae lançava uma questão pertinente.
- Vamos deixar essa porta semi-aberta. Ela precisará de compreender a natureza das suas influências. Pode ser uma semente que mais tarde dará frutos, doces ou amargos, veremos.
Seguidamente, o Ancião abanou levemente a criança para que acordasse. Não tardou muito até abrir completamente os olhos e tomar consciência do local onde se encontrava e quem estava ali consigo.
- Que faço aqui? – interrogou num tiritar de frio.
- Tiveste uma ligeira indisposição. Mas já estás bem. - retribuía o Pontífice num largo sorriso.
Não se sentira intimidada, tampouco reparara que os seus cabelos haviam crescido num fechar e abrir de olhos. Estava apenas ensonada e um pouco confusa dos seus sentidos. O motivo porque estava ali deitada? Nem se lembrava. Tal motivo era tão negro como o seu nome, como o esquecimento. No entanto estava serena, não se sentia intimidada.
- Dói-me as costas…- queixou-se.
- Anda levar-te-ei para a tua cama. – prontificou-se Asrae em acolhe-la nos seus braços e levá-la para o seu quarto.
Sentiu-se transportada por uma luz negra mas não se importou. Exibiu um sorriso desdentado sem se dar conta que lhe faltava um pedacinho de um dente. Apenas murmurou baixinho, não se percebendo o que dissera ao certo.
- Yamsh bei…

O Cisne Negro despertara com o raiar cristalino sem se lembrar da maioria das ocorrências do dia anterior. Quando encarou o seu reflexo no espelho perguntou-se porque lhe faltava um pedacinho de um dente. Deve ter caído da cama e não se recordava, pensou.
Continuou a pentear os seus cabelos encaracolados ignorando que Asrae os tinha cortado e que Mar-Hir os tinha feito crescer novamente depois daquela aventura durante a Luz Frouxa.
O Pontífice já tinha chamado uma gaea para entregar a carta que a criança escrevera para os seus pais. O seu conteúdo poderia comprometer a falha da memória da Rinkinen.
Precisava poupá-la por enquanto das energias ocultas que conspiravam contra si desde o dia em que nascera.
(Próximo Capítulo: As Raízes da Promessa - Cisne Negro aos 5 anos)

sexta-feira, novembro 10, 2006

Delirium (parte 2)

(A continuação de Delirium tardava a ser postada. Aqui está. Lembro que o livro "Asas Rubras" poderá, brevemente, ser encontrado no Porto, na livraria Unicep e na livraria Poetria, que ficam na baixa do Porto. Podem também encomendá-lo a partir do meu e-mail.)

Passos afligidos seguiram o fragor escutado, sinal que nem todos do Povo de Cristal dormiam nas profundezas do sossego que a Luz Frouxa lhes facultava.
Asrae fora a primeira a afluir ao local do incidente. A Sacerdotisa de claros cabelos loiros despenteados escandalizou-se ao encontrar o Cisne Negro desmaiada. O seu pequeno e frágil corpo estava deitado de barriga para baixo com a cabeça de lado sobre um dos mosaicos de tesselas pretas e brancas que constituíam o chão daquele salão. Afinal não era feito de cristal como se supunha. Essa era apenas uma das ilusões de óptica criadas pelo Grande Cristal, tal como o tecto oitavado que reflectia a tepidez da sua luz.
- Pobre criança… o que lhe aconteceu…?
Observou instantaneamente desde o cimo da escadaria Viginti Tres e imaginou como violenta terá sido a queda. Não se pense que o pânico tivesse tomado conta de si ou que tivesse perdido momentaneamente a lucidez. Como discípula do Cristal, a sua calma era abismal. Foi peremptória em prestar-lhe os primeiros socorros tomando-lhe o pulso. Como o achou regular, procurou, cuidadosamente, saber se teria alguma contusão ou alguma fractura exposta. Após uma minuciosa busca não lhe encontrou qualquer mazela exceptuando o sangue junto à sua boca. Constatou que tinha partido um pedaço de um dente, um dos incisivos.
Levantou-se envolvendo-a nos seus braços quando nesse preciso momento alguém vindo do exterior do Templo surgia sobre a sua silhueta.
- Venerado Pontífice…- Asrae virou-se repentinamente num susto do coração. – O Cisne caiu, está desmaiada é preciso que…
- Não. Está simplesmente a dormir. – esclareceu de imediato. - Saiu ilesa. Terá sido este, um acontecimento milagroso? - questionou-se num trejeito vulgarmente irónico.
Asrae juntou-se àquela deferência ortodoxa, segurando a criança no seu colo com toda a sua admiração enquanto que Mar-Hir examinava a sua condição física antes de averiguar a psicológica.
- Tantas e tantas vezes que descia a correr estas escadas que algum dia…
A ama calou-se apercebendo-se que o Ancião lhe sugeria um domínio silencioso. Num temperamento clemente, Mar-Hir colocou a mão sobre os lábios cortados da Rinkinen curando-os. Notou no pedaço de dente que lhe faltava. Proferiu no seu jeito bastante sereno e simultaneamente esfíngico as mesmas palavras proféticas que lhe costumava dizer:
- Mostrar-te-ei o teu caminho, a tua rota. Sofrer não significará a tua derrota… Descansa por agora meu pequeno cisne… descobrirei o que te perturbou…
O Pontífice ordenou à Sacerdotisa que a colocasse de novo no exacto local onde a tinha encontrado e na mesma posição. Precisava de captar o que realmente a precipitara naquela queda. Para isso iria basear-se na teoria da reminiscência, activando uma projecção hipnótica para recuperar as suas visões.
Com a sua mão larga colocada sobre a cabeça do Cisne, o Ancião apercebera-se que aquele bebé tinha entrado num transe profundo tinha entrado num transe profundo. Tentava entender a linguagem daquele delírio que havia sofrido. Por mais absurdo que fosse teria algum significado. Estava a visionar uma breve gravação dos seus pensamentos, ideias, acções, desejos e temores quando fora interrompido.
- O que foi que ela sonhou? – interpelou Asrae na sua inquietude, agachada tal e qual o Pontífice.
- Não foi um sonho. Não vos induzis em erro. Ela esteve sempre acordada. – assegurou sem perder a concentração.
- Foi um delírio. Perscruto visões que lhe bloquearam a mente e dominaram o seu corpo.
- Um acto de sonambulismo…- comentou num semblante cismático. - E que visões perscrutais?

sexta-feira, novembro 03, 2006

Asas Rubras (novidades)

Prometi esclarecê-los quanto ao meu primeiro livro “Asas Rubras”. Pois bem, trata-se um livro de poesia que dedico exclusivamente a uma pessoa. Quem o ler descobrirá o seu nome. Não fiques corada! Sim tu! :P

Só poderá ser encontrado no Porto. Quem estiver interessado e não pode deslocar-se à maravilhosa Invicta, poderá encomendá-lo via correio, pois na próxima semana terei alguns livros para vender. Escrevam-me um e-mail (luigi_delvecchio@hotmail.com) com o vosso contacto que enviarei o livro autografado.
Poderão também contactar a editora:
Para já fiquem com um dos poemas de “Asas Rubras” escolhido pela rapariga a quem chamo Cisne Negro.
A Pirâmide estava a ruir!
A pirâmide estava a ruir… Encontrávamo-nos no seu interior. Não havia nenhuma saída
Tambores… dezenas deles. Os seus sons eram graves e sincronizados. Não havia saída
Celebravam uma espécie de ritual fúnebre… Não sabíamos porque não nos salvavam
Pedras caíam à nossa volta. Havia muita poeira. Sabíamos que a pirâmide iria ceder
Mesmo que os nossos rostos estivessem encobertos… tossíamos compulsivamente
Apenas conseguíamos encher os pulmões de oxigénio empoeirado para… Gritar!
Havia escassos intervalos em que não se escutava aquele timbre tão deprimente
E quem eram os insensíveis que nos deixavam aqui debaixo desta catacumba?
Poupem-me a misericórdia, não a peço… Mas salvem ao menos esta mulher
Esperava que tivessem escutado o meu suplício, pois não havia outra saída
Um novo abalo fez es-tre-me-cer tudo… se ela não me tivesse empurrado
Teria sido esmagado por um enorme pedregulho que caíra abruptamente
Éramos cingidos pelo desabar dos tempos em plena noite descomposta
E acarinhámo-nos mutuamente na altura da tão indesejada despedida
A partir de então deixámos de ouvir tambores… deixámos de ouvir
A Pirâmide…! continuava a ruir…! E não houve nenhum instante
Em que tivéssemos deixado de amar a Humanidade. E quem foi
Que esperou a Noite dos Vendavais para sorrir durante o caos?
Tu…! O teu nome… poderá ter vários significados, mas vejo
Apenas um… Coroada de Luz… aquela que nos concederá
A Salvação… Ide agora… A pirâmide vai finalmente ruir
Deixa-me ocupar o Trono Negro, é o meu compromisso
Não o vejo como sacrifício mas sim como uma bênção
Não me arrependerei de ter feito parte da tua história
É na escuridão que velarei sempre por ti, agora ide!
Tens pouco tempo para regressares ao teu mundo!
A areia fina caía sobre nós. Como era tão célere!
Ficaríamos os dois ali soterrados nas entranhas
Da Pirâmide que em breve… deixará de o ser
E quando alguém do exterior falou connosco
Tornámos a gritar acenando com os braços
E assim aquela voz divina nos localizaria
Perante aquela Tempestade de pedras e
De areia que já nos ia chegando pelos
Nossos joelhos. Esse mesmo alguém
Atirou uma corda… E de imediato
Lacei-a à tua cintura… e disse-te
Let me hold my Dearest Friend!
Now go up there…show them
Who you really are, my Lady
You said: how about you…?
I… I won’t leave you here!
Look Kelly, I’ll always be
With you… E libertei-te
Da areia… a pirâmide
Estava a ruir e eu…
Eu testemunhava
Essa travessia
Da alma e tu
Olhaste-me
Lágrimas
Ecoavam
Kelly C
A Luz
És tu
Tu
!