quarta-feira, junho 27, 2007

Ponto de Situação

Regresso após meses de ausênci que Caliel é a personagem maia. A minha passagem é breve. Vou apenas fazer o ponto de situação referente à história do Cisne Negro. Foi quase há um ano que embarquei nesta aventura inspirado por sensações positivas e encorajadoras. Muito aconteceu entretanto. Difícil dizer onde me encontro agora. A meio da história e não sei se conseguirei terminá-la. Tem sido complicado controlar a ansiedade. E existem muitas ideias para um segundo volume chamado O Cisne Branco.
Vou deixar excertos do capítulo À Priori, capítulo nº 18 dos 23 previstos. São apenas rascunhos que tenho escrito no trabalho durante as horas de almoço e jantar. As personagens centrais deste capítulo são Caliel e Rhanos. O Cisne Negro, que não aparece, já tem 16 anos, Caliel 17 e Rhanos 18.
E, para terminar, digo sem qualquer hesitaçãos cativante de todas as que criei nesta e noutras histórias que escrevi. Um dia se alguma vez o livro for editado irão perceber porque digo isto.
E agora existe uma motivação extra para continuar nesta aventura. E um novo dilema. Este post é dedicado a alguém que me devolveu o sorriso.




"O tempo parecia não ter passado para Caliel. Mantinha intacta a sua aparência angelical de criança fragilmente tímida embora já contasse com dezassete anos.
Igualmente incólume permanecia o seu comportamento intimista para com a natureza. Continuava a subir árvores e a empoleirar-se nos seus ramos como sempre fizera. E não deixara de falar com as árvores, plantas e animais no seu jeito extraordinariamente passional.
E que melhor gesto afectivo poderia demonstrar para um cavalo selvagem que encontrava numa clareira de uma mata, senão correr a seu lado sem ter o desejo de o montar? Apenas quis acalmá-lo pois o cavalo de pelagem pardo-avermelhada e com uma faixa escura ao longo do dorso estava mais exaltado do que qualquer outro corcel que o Rinkinen tivesse observado anteriormente. Caliel teve que colocar-se à sua frente sem recear ser atropelado pela histeria aflitiva que se apoderava a alma do animal, até então indomável.
- Shh. Está tudo bem. Não tenhas medo.
Olhou na direcção de onde os seus trémulos cascos tinham surgido. Avistara no horizonte um local que por alguma razão desconhecida evitava aproximar-se. Um indistinto vento soprava rigidamente nas suas costas, adejando freneticamente os seus cabelos encaracolados.
O cavalo relinchou com medo de ser empurrado para o interior daquela floresta repleta de abetos gigantes. Caliel conseguia sentir o que o cavalo sentia. Não era a frondosa vegetação que o intimidava, era sim o tremendo rumor das folhas agitadas pelo vento. Era o vento terrífico que assustara o cavalo que nunca havia trilhado aquele território inóspito. O vento ali tinha uma voz tão audível que poderia ser escutado a quilómetros de distância.
- Encontrarás um apetitoso campo de feno se seguires para lá do despenhadeiro arborizado. Vai e não voltes aqui.
Noutra ocasião Caliel teria acompanhado o cavalo até ao local que indicara. Contudo, achava que estava na altura de ouvir aquele vento arrepiante de mais perto. Já o cavalo se tinha afastado a trote contra o vento quando o Rinkinen deu por si a penetrar na densa floresta revelando um estado de espírito absolutamente despreocupado. Não tinha nada que temer.
... Até culminar num divergente bosque repleto de lianas e fetos. Embrenhou-se atrevidamente sem ser necessário ser levado pelo incansável vento...
... Para além do vento, o sentido apurado de Caliel escutou um espezinhar e estalar de folhas e ramos denunciando a presença de animais. Achou que poderia identificá-los mesmo sem os avistar. Mais cavalos galopavam naquelas paragens pouco convidativas. Foi ao encontro do ruído e ao desviar a vegetação surpreendeu-se. O vento tinha trazido um grupo de seus compatriotas que corriam tão ou mais assustados que o cavalo que encontrara...
... Encontram Caliel paralisado como se fosse uma das árvores enraizadas.
- Viste alguém ou algum animal? Alguma coisa fora do vulgar?
- Não vi nada. Apenas oiço o vento falar.
- Então nenhum de nós está a delirar. Também ouvimos. – disse Rhanos.
...O solo estremece os ramos das árvores agitam-se violentamente.
- Estão a ouvir? Existe uma força a perturbar a natureza. – diz Caliel
A densa floresta remexia-se aparatosamente. Um fenómeno inexplicável tal como o vento que rugia ferozmente.
- É o vento que faz estes rugidos?
- São as árvores. – disse alguém aterrorizado
- Não é o vento que fala nem as árvores. São eles!
... Espadas são desembainhadas, lanças são erguidas quando os Filisteus se aproximam.
As folhas estalavam debaixo dos pés
- Não. Escondam-se rápido!
- Não vou esconder-me como um cobarde!
- Não sejas tolo Equam, não tens qualquer hipótese.
... Mais à frente encontram um grupo de mulheres jovens a banharem-se no rio. Algumas exibiam o seu corpo nu sem qualquer pudor. Sereias. Mas havia qualquer coisa que atraía os homens
Seriam ondinas? Ninfas de água? Não, eram sereias de olhos grandes brilhantes quase incandescentes.
eram mulheres que e movimentavam nas águas como serpentes tinham uma cauda, uma barbatana de escamas verdes como os peixes. Saiam das águas e a barbatana escamada dava lugar a duas pernas perfeitas. Não tinham qualquer vergonha nem se sentiam minimamente intimidadas por estarem a ser observadas. Aceitavam o seu corpo tal como era. A transformação não era nenhum segredo que quisessem manter debaixo de água.
... Chegava Candraara, a Rainha das Sereias, num barco conchiforme puxado por cavalos-marinhos.
... O dialecto melodioso das sereias hipnotizam os homens. Rhanos e Caliel são os únicos que não caem em tentação. Rhanos pede a Caliel para amarrá-lo já que não pode amarrar-se a si próprio.
Rhanos ficou tentado em aceitar a mão de uma das sereias. As bocas espumavam de desejo.
O rio de um azul metálico transforma-se num tom mais alaranjado. Tornou-se em ácido. Bolhas inflamáveis rebentavam
Rhanos provou os lábios de uma sereia. Sabiam-lhe a vinagre. Asqueroso. Sentiu-se como se tivesse traído o Cisne Negro e nada lhe pareceu tão ruim. Tornara-se numa vítima da tentação. Uma tentação que, era capaz de jurar a pés juntos, lhe fora impingida, ou seja, não partiu de si.
Uma sereia fora cativada pelo jeito caracteristicamente acanhado de Caliel.
- Olá. Chamo-me Viderya. Tenho muito gosto em conhecer-te. Vejo que vêm de longe. Devem estar cansado. Andem, podem relaxar na cabana das massagens ao mesmo tempo que saciam a fome... Não falas? Porque estás tão tenso? – a sereia soprou-lhe ao ouvido palavras venenosas que contrariavam o seu impulso em fugir daquele local de desenfreada libertinagem. O que o Cisne Negro iria pensar se soubesse?
... Candraara rainha entre as sereias, a mais alta com longuíssimos cabelos negros com madeixas roxas. Tinha uma aparência que se destacava das demais...
As sereias entregavam o seu corpo ao grupo de rinkinens e margrietus, não se importavam com a sua origem.
- Oh sois todos tão jovens
- E tão belos!
Rhanos deu um passo atrás e depois mais outro.
por seu lado, Caliel resistia facilmente aos encantos da mais bela das criaturas marinhas. E como as sereias detestavam ser desprezadas, tinham que aplicar todos os meios mais perversos
O que foi? Não gostas de mulheres? Tens aqui três à tua inteira disposição
- Não! Pára! Não posso! Se me beijares, irás beijar o chão ou aquela pedra ali
Olhou pelo canto do olho vendo os seus companheiros a serem facilmente levados pelos desejos de carne. Precisava resistir às investidas da sereia a todo o custo.
Por seu turno, Caliel continuava no mesmo local, nem recuava nem avançava.
- És um autêntico mistério, sabias? – dizia a sereia analisando a aura do Rinkinen
- Trazes contigo um grande perigo. Não te excita ser quem és?
- Quem sou? – retrucou numa voz atabalhoada
- Não sabes quem és? – questionou-se surpreendida. – Os teus pais não te disseram?
Caliel não iria cair na artimanha da sereia que tentava quebrar o seu espírito protegido contra feitiços daqueles. Para Caliel tudo o que a sereia queria era semear a dúvida para torná-lo mais vulnerável pois não poderia tê-lo doutro modo. Poderia falar o que quisesses que não iria ceder aos caprichos pecaminosos da rainha das sereias.
- Duvidas do que te digo. Pois bem, porque não perguntas aos teus pais, sem rodeios, perguntas-lhe quem realmente és.
- Anda posso contar-te tudo o que quiseres saber, sobre o teu povo e sobre como elas podem aparecer…!
A sereia abriu-lhe os braços. Caliel continuava sisudo, visivelmente confuso mas com uma única certeza. Não iria abraçar uma criatura da natureza capaz de instigar, confundir e manipular os homens a seu bel-prazer.
Olhou de soslaio para Rhanos que tentava subir uma árvore ao ver-se encurralado.
- Foge! Não te deixes levar pelas suas palavras venenosas! Foge! Não fiques aí especado!
A Sereia Candraara avançava para beijar Caliel.
- Mas e tu…?
- Não te preocupes comigo, salva-te!
Duas sereias que entretanto já se tinham livrado dos seus homens ladearam a rainha para capturar o indomável Caliel.

... Caliel foge mas é prontamente perseguido. Ao longo da margem do rio. Um assobio de Candraara chamou inesperadamente uma matilha de hienas ameaçadoras que o perseguiram já que as sereias não conseguiriam acompanhar a correria do Rinkinen.

4 comentários:

happiness...moreorless disse...

welcome back ;)

confesso que já não te visitava há uns tempos mas é sempre muito bom fazê-lo. tens um dom e a tua imaginação não tem limite!
força nisso!!

*****

Sara Martins disse...

Meu querido Story-teller...

Por onde andam essas vidas que fazem parte de ti, essas personagens infindáveis??

È sempre um prazer ver-te voltar, e é uma felicidade imensa saber-te bem, a sorrir de novo!!

Espero novos capítulos...

Beijo muito grande...

O teu Anjo!!

* White Roses Princess* - Renata Silva disse...

ja tinha sdds d t ver postar =) bem vindo de novo à blogosfera ;) ************************


*White Roses Princess*

Sereia Azul* disse...

Hum...gostei de te ler de novo! Um episódio fascinante com sereias!

És o Rei da fantasia e do sentimento!

Um abraço de brisa marinha

Sereia Azul*